A vida no planeta Terra está desaparecendo em um ritmo alarmante, com mais de 1 milhão de espécies — desde o majestoso tigre-de-bengala até a humilde abelha — atualmente em risco de extinção. A taxa de extermínio global de espécies é muito maior do que a média dos últimos 10 milhões de anos, um ritmo impulsionado pelas atividades humanas.
A destruição de habitats, a poluição, a exploração excessiva de espécies e as mudanças climáticas parecem ter desencadeado uma reação em cadeia cruel e irreversível.
A preocupação com essa destruição em larga escala da vida atingiu um ponto crítico, levando alguns cientistas a pensar em ideias inovadoras. À medida que as soluções terrestres se tornam cada vez mais insuficientes para conter essa perda, alternativas extraterrestres oferecem uma nova fronteira para a conservação.
Uma das propostas mais extraordinárias é a criação de um “biorrepositório” na Lua. O plano envolve o uso de nitrogênio líquido para congelar criogenicamente material biológico essencial, incluindo DNA, sementes, esporos e potencialmente células ou tecidos de várias espécies terrestres, transportando-os via foguete até a Lua e armazenando-os em segurança nos polos norte e sul lunares, onde as temperaturas variam entre -180°C e -230°C.
Esse material poderia, ao menos em teoria, ser usado para regenerar espécies ou restaurar ecossistemas no futuro, similar aos esforços da Colossal Biosciences para reviver o mamute-lanoso.
Armazenar vida na Lua, em vez de na Terra, está se tornando uma escolha cada vez mais lógica. Por mais improvável que a ideia possa parecer, um estudo de julho de 2024 publicado na revista BioScience explora o raciocínio por trás desse projeto ambicioso.
Embora a humanidade ainda não tenha abandonado a Terra, o consenso entre as mentes mais brilhantes é que sair da atmosfera terrestre é essencial para garantir a sobrevivência a longo prazo de nossa espécie e da biodiversidade do planeta.
Essa iniciativa de enviar espécimes da Terra para a Lua está alinhada com planos maiores para o sistema solar. Ela atua como uma ponte entre os esforços atuais e os futuros projetos de tornar outros planetas, como Marte, habitáveis.
A Lua é a escolha óbvia por três razões:
Os cientistas já deram os primeiros passos ao congelar amostras de nadadeiras do gobi estrelado, um pequeno peixe que pode não parecer uma escolha óbvia para pioneiro lunar. No entanto, essas nadadeiras estão fornecendo dados críticos sobre como preservar a vida nas condições adversas do espaço.
Esses experimentos iniciais estão ocorrendo aqui na Terra, nos laboratórios de alta tecnologia do Smithsonian e de outros institutos de pesquisa, onde cientistas estão se certificando de que, quando enviarmos nossos embaixadores biológicos para a Lua, eles estejam embalados de uma forma que possam suportar a jornada cósmica. Isso inclui desde testar como eles suportam o frio extremo até protegê-los contra a radiação espacial.
Mas não vamos parar por aí — o verdadeiro teste está ao virar da esquina. Em breve, algumas dessas células criopreservadas pegarão carona para a Estação Espacial Internacional. Lá, enfrentarão os rigores do espaço em primeira mão, em um laboratório em órbita que oferece uma prévia perfeita das condições lunares.
Esse passo é crucial para ajustarmos nossas técnicas de preservação antes de darmos o grande salto para a Lua.
O que torna esse empreendimento realmente empolgante é a colaboração global que o impulsiona.
Este não é um projeto de uma única nação. É uma missão planetária que exige cooperação entre países e continentes. O biorrepositório lunar é um chamado para que cientistas de todo o mundo contribuam, inovem e compartilhem a responsabilidade de proteger o patrimônio biológico de nosso planeta.
À medida que traçamos o curso da Terra para a Lua, cada pequeno passo e teste expande nossa compreensão da resiliência e adaptabilidade da vida. Isso não se trata apenas de salvar espécies — é sobre ampliar nossos horizontes e preparar o terreno para futuras descobertas interestelares.
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