“Quem é Sarto e por que a culpa é dele?”, foi o questionamento de pessoas de várias partes do Brasil na semana passada. O gestor da Capital virou alvo nominal na música “É culpa do Sarto”, jingle eleitoral da campanha do candidato à Prefeitura e opositor do prefeito, André Fernandes (PL).
A música tomou alcance nacional e foi reproduzida por muitos que, como revela o comentário inicial, não estavam sequer familiarizados com as eleições fortalezenses. O próprio prefeito Sarto chegou a responder o som, utilizando da mesma melodia, mas com a letra modificada.
A música foi produzida pela Agência Kreator, do profissional de marketing Kawan Miranda. O assessor esteve junto na campanha anterior de Fernandes, quando o parlamentar elegeu-se deputado federal. Em 2021, o nome de Kawan saiu dos bastidores devido a vídeos com ofensas à comunidade LGBTQIAPN+ e, no ano seguinte, denúncias do Ministério Público.
Em publicações recentes, no perfil profissional, o produtor ainda aparece acompanhado do ex-presidente Jair Bolsonaro em algumas publicações. Ele defende que o alinhamento ideológico é pessoal e não diz respeito à empresa Agência Kreator. No entanto, acrescenta que “facilita muito a comunicação e torna o trabalho leve entre” ele e o candidato à Prefeitura.
Para este ano, o pedido foi de 10 músicas para André, compostas em colaboração com Felipe Pinheiro, autor de músicas como "Agonia" de Mari Fernandez e "Novinha do OnlyFans" de Kadu Martins.
Do repertório feito para o candidato à Prefeitura de Fortaleza, há uma paródia ("Chega de Mamata", baseada na canção "Piração", de Kaká e Pedrinho) e nove músicas originais, dentre elas, o jingle com foco no prefeito.
Sobre este ano, o produtor citou um entendimento sobre o poder das redes sociais nas campanhas eleitorais, característico do espectro mais à direita desde as eleições de 2018. As diretrizes das redes, portanto, são usadas não apenas como meio de propagação da mensagem, mas como ponto de partida para vídeos, frases e até mesmo os jingles.
“Muitos candidatos ainda não sabem se comunicar na linguagem da internet, e vencerá quem for capaz de identificar e aplicar novas estratégias de campanha que dialoguem com o público”, disse Kawan.
Em 2021, o assessor foi indiciado por incitar o preconceito à comunidade LGBTQIA+. Ele levou uma placa de trânsito com o desenho de um veado para ironizar as faixas de pedestre nas cores do arco-íris, na cidade de Sobral. Em 2022, o MP denunciou o assessor pelo caso.
Na ocasião, entidades do Ceará manifestaram repúdio contra ação, dentre elas a Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da subseção de Sobral da Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB) Ceará.
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